quinta-feira, 26 de agosto de 2010

E agora, o índivíduo

Eu queria ter um manual que as pessoas lessem. Porque eu mudo, ou pelo menos tento, e sempre acabo cometendo os mesmos erros no final. Parece-me que falta um pouco de empenho dos outros também. Queria poder falar tudo o que penso, preto no branco, e fazer isso ter algum sentido para as pessoas. Porque é difícil entender o que estou sentindo até mesmo para mim que não sei apenas por palavras.

E o que será amizade? O que dizer do Neville, da Luna, do Dino Thomas? Será que o Simas Finnigan não pode ser considerado amigo também? Não digo conhecidos nem colegas, mas será que podemos confiar apenas nas pessoas que se abrem para nós e para as quais nos abrimos?

Há várias maneiras de confiar, várias situação para tal. Mas digo no sentido mais humano, ou mais cão, ou mais bobo: quando podemos achar que alguém, dada uma chance de se colocar em mais "evidência" ou "vantagem" em relação a nós, vai se privar de nos prejudicar ou de não ajudar? Engraçado que sempre ando com um pé atrás, mas tenho vontade de pensar isso de todos. Acho que no fundo sempre espero que todos me ajudem, caso exista a chance. Coisa de menina mimada né? Filha única...será falta de iniciativa, querer tudo na mão? Mas não...eu gosto de ajudar as pessoas também. Mas queria poder não fazer o papel de bobo uma vez. E não ter que dar conta da Nagini sozinha...

Mas será que é verdade? Sempre as pessoas pensam primeiro nelas? Ok, não estou falando de Jesus, nem de nenhum santo, nem de nenhum monstro. To falando da massa, das pessoas comuns, de mim, de nós. Será que ninguém, sendo comum, consegue pensar no coletivo, ou no outro quando o assunto é se beneficiar? Porque quando brigo com alguém, vejo motivos por trás da pessoa. E tenho o dom de parecer como a errada, porque como lá no começo, eu jogo o preto no branco mesmo sem poder. E sou agressiva. Mas sincera. E será que sempre os outros não estão sendo sinceros? Ou será que sempre faço uma leitura errada dos outros?

Meu medo é chegar um dia à conclusão de que, no fundo, todas as pessoas são egoístas e más e não posso confiar em nenhuma delas.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Para pensar e discutir: A vida e a sociedade

"O homem é o lobo do homem."
Taí a frase que permeia contos de fadas, fábulas, a História e os pensadores renascentistas e talvez até o jogo econômico...

Mas o homem em sua essência seria assim tão autodestrutivo? Creio que, pela validade quase atemporal dessa máxima, não se pode negar que seja um caráter - ainda que se possa argumentar que não seja comum a todos os homens - praticamente inerente à raça humana.
Mas como não nos depredamos uns aos outros todo o tempo? Como, hoje em dia, mesmo em meio ao consumo de limosines e outros luxos e mortes por fome e miséria, temos uma sociedade muito bem estruturada e autosustentável (pelo menos a médio prazo)?

Hoje pensei sobre isso: sobre a existência da sociedade e as bases de sua edificação.
Lutamos pela liberdade, pelos direitos iguais, pelo fim do preconceito.
Tudo contra a "monstruosa" sociedade, conservadora, segregadora, que marginaliza em meio aos seus conceitos que destroem o livre-arbítrio humano (a começar da religião, talvez o maior bicho-papão dos direitos individuais e da liberdade).

E percebi toda a controvérsia da minha linha de pensamento.

Afinal de contas, não é essa mesma sociedade que nos salva da lei do mais forte, onde valem apenas as leis brutais, naturais, imediatas e destituídas de civilização? Sem valores sociais, os inferiores devem ser banidos a fim de não atrapalharem o todo "ótimo". E não há discussão sobre o que é melhor: apenas se vence a luta para provar isso. Temo o dia em que a luta pelo poder (e o papel central do dinheiro nisso) consiga nos fazer completamente lobos. Já faz em grande parte, é bem verdade. Mas vivemos em sociedade: temos valores, regras de comportamento, noções de ética e costumes arraigados que não nos deixa ser lobo de ninguém sem passar pelo olhar crítico do que Smith talvez chame de Expectador Imparcial. Sim, porque esse valores estão não só na sociedade, mas dentro de nós, frutos dela. E ela nos mantém assim: seres sociáveis.

Depois de tanto espanto diante da lógica contraditória dos valores sociais, percebi que não adianta lutar pela liberdade como se os valores e as regras de comportamento nos prendessem a um mundo aquém do que merecemos. Os valores devem ser aperfeiçoados sempre. Preconceitos devem ser combatidos. Mas vale lembrar que, sem eles, somos lobos. E a selvageria não dá liberdade, igualdade e inclusão a nenhum indivíduo. Até porque, nesse suposto "estado natural", não haveria sociedade. Meu pensamento aqui me parece falacioso e conservador demais até pra mim. OK

Ainda podemos argumentar: e Rousseau e o bom selvagem?
Independente se concordamos com Hobbes ou Rousseau, eu precisaria de anos de argumentos ótimos para discordar do Iluminismo Escocês. Porque, como diriam os iluministas escoceses, não há indivíduo fora da sociedade: o ser humano é naturalmente social.

Liberdade não passa pela negação daquilo que se é, independente da crença.

Então, por mais que lutemos contra valores, eles são parte de nós. E talvez isso não seja destrutivo e os conceitos sociais não sejam assim tão vilões. Embora, é claro, conceitos sejam abstrações por natureza e excludentes por definição, exigindo críticas que façam a ligação entre eles e a realidade.