terça-feira, 12 de março de 2013

Poema (2008)


De criança eu não entendia
Por que os adultos choravam tanto por algumas coisas
Ou tanto deixavam de chorar

Em alguns momentos, não riam
Não viviam
Só deixavam passar
Ou assistiam

Ora expectadores,
Ora agentes amargos
Gostavam de se juntar e falar
Sabiam ser felizes também

Mas a minha brincadeira era tão mais minha
Que seus casos e discussões!

Então eu larguei a boneca
E quis entrar no seu mundo
Mas a sua esperança estava tão aquém da minha!

Eles eram donos do mundo
Com seu dinheiro, trabalho e experiência
Sempre dizendo o quão pouco eu conhecia

E então eu passei a entender
Eles tinham problemas e amarguras
E histórias lindas pra contar
Mas algumas coisas eram tão simples!
E eu os via insistindo em complicar

Minha grande dúvida era
Como os adultos esqueciam o que é ser criança?
Como podiam ter um mundo só pra eles
E muitas vezes se sentiram menores que esse mundo?
Como eu, sem tanto poder,
Era tão mais senhora de mim?

Então eu entendi....

São as despedidas constantes da vida
As 24 horas costumeiras que
Não nos permitem acumular rotinas.
Não repetimos momentos.
Apenas acumulamos memórias, coração
E canções que nem sempre podemos ouvir.

São os desígnios dessa vida em ciclos
Ciclos que começam e terminam
Dando lugar a risos e solidão

E então eu vi que,
Mais cedo ou mais tarde
Eu me tornaria um deles também.