segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Iluminei

A resposta na língua é fácil, mas a vida não é só palavras.

As balas de hortelã são as mesmas
Continuo discutindo o mundo
E continuo querendo o melhor dele

                                                                 Mas restam apenas as palavras.

A dúvida é: seria melhor nunca ter vivido?
Devo esquecer de tudo?
Como crescer?

Como voltar a ser criança?                          Criança!!
Quero brincar de amarelinha!
Quero torrar no sol.
Quero ir pra Ouro Preto e não beber.
Quero beber meia garrafa de Ice.
Quero ficar feliz ao compartilhar.

Não sei porquê, eu quero essas coisas.
Talvez seja minha grande vantagem, quero o que já tive, amo o que tenho.

Verdade, ainda que tardia?
É, a verdade doeu, mas não completou seu serviço.
Sempre preferi o chão à ilusão.
Nunca imaginei que perder a ilusão tirasse o chão.

Hoje, em nova terra, caminho entre flores, como o perfume de uma rosa.
                                                                 É lindo, e tudo brilha.
Só me falta terra.
Só me resta o ar.
Ar de passado, que jamais será o mesmo.
Releituras ou não, sinto falta, e meu grande trunfo é não ter vergonha de falar.

A grande pena é nunca mais poder acreditar ou recobrar.
                                                                 Mas vivi e fui inteira.
Sou inteira.
Inteiramente saudade e renovação.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Déficits Literários

Eu nunca soube criar uma personagem.


Todas as minhas postagens são sobre mim, ainda que uma mim meio imm ou mmi, misturada, confusa e diagramada. E me deparo com contos, histórias, todas alheias a seus criadores. Será que a história se cria por si mesma, ou será que há um fundo de pessoa nessas letras?

Acho bonito, tocante e profundo falar de alguém que não existe. É saber usar as palavras de maneira desprendida, e sou egoísta demais. Minhas palavras são minhas, sobre mim, com meu entendimento. Ou não. Já reli muitas coisas e reinterpretei, gosto de ver os outros reinterpretando também.

A questão é mais direta: não tenho aquela imaginação e hoje não gosto tanto mais de falar de mim. Quer dizer, gosto, mas não com o mesmo cuidado, a mesma pompa. Falo de mim, não escrevo sobre mim.

Mas hoje deu vontade: caminhava pela avenida amazonas, sob um céu claro e sol brilhante, quase de cegar. Embora o sol estivesse quente, o vento cortava como todas as palavras não ditas.

Não, eu estava na Avenida Antônio Carlos, embora os cortes tenham sido reais. Vê? Não levo jeito pra coisa. Minha personagem não vive, conta.