De criança eu não entendia
Por que os adultos choravam tanto por algumas coisas
Ou tanto deixavam de chorar
Em alguns momentos, não riam
Não viviam
Só deixavam passar
Ou assistiam
Ora expectadores,
Ora agentes amargos
Gostavam de se juntar e falar
Sabiam ser felizes também
Mas a minha brincadeira era tão mais minha
Que seus casos e discussões!
Então eu larguei a boneca
E quis entrar no seu mundo
Mas a sua esperança estava tão aquém da minha!
Eles eram donos do mundo
Com seu dinheiro, trabalho e experiência
Sempre dizendo o quão pouco eu conhecia
E então eu passei a entender
Eles tinham problemas e amarguras
E histórias lindas pra contar
Mas algumas coisas eram tão simples!
E eu os via insistindo em complicar
Minha grande dúvida
era
Como os adultos esqueciam
o que é ser criança?
Como podiam ter um
mundo só pra eles
E muitas vezes se
sentiram menores que esse mundo?
Como eu, sem tanto
poder,
Era tão mais senhora
de mim?
Então eu entendi....
São as despedidas
constantes da vida
As 24 horas costumeiras
que
Não nos permitem
acumular rotinas.
Não repetimos
momentos.
Apenas acumulamos
memórias, coração
E canções que nem
sempre podemos ouvir.
São os desígnios dessa vida em ciclos
Ciclos que começam e terminam
Dando lugar a risos e solidão
E então eu vi que,
Mais cedo ou mais tarde
Eu me tornaria um deles também.